Folha de S. Paulo - 12/11/2009 |
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O governo Lula também demorou para produzir uma explicação sobre o que havia provocado o blecaute

O que espanta, contudo, é que caíram as três linhas de transmissão de Itaipu, a maior hidrelétrica do sistema -as linhas que trazem ao Brasil energia gerada nas máquinas paraguaias da binacional também caíram. O sistema é projetado, vale lembrar, para resistir a intempéries.
Com Itaipu totalmente desconectada, as outras geradoras do sistema, que trabalham com sobras para contingências, não conseguiram compensar a carga perdida -e, num efeito dominó, foram desligadas. Do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte, da Bahia ao Acre, o país apagou.
A terceira linha de Itaipu, implantada no início da década, foi projetada, justamente, para aumentar o grau de confiança da transmissão. Investimentos bilionários em vias de distribuição, nos últimos anos, também reforçaram o sistema nacional interligado -que conecta praticamente todas as usinas brasileiras, à exceção de unidades em Roraima, Amapá e Amazonas.
Afasta-se a hipótese de crise de abastecimento, pois os reservatórios das hidrelétricas ostentam níveis confortáveis, por conta do regime favorável de chuvas e da queda na demanda, principalmente industrial,

Em outubro, os lagos das hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste estavam com 69% da capacidade completa, contra 52% no mesmo mês do ano passado. Em outubro de 2001, ano do racionamento de energia, o indicador chegou a 21%. O consumo nos dez primeiros meses deste ano está 2% abaixo do observado no mesmo período do ano passado.
Tudo isso só reforça o estranhamento diante de um apagão dessa magnitude -um estranhamento que a versão oficial ainda não foi capaz de dissipar.
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