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Dilma Rousseff - Vanda, Estela ou |
Elio Gaspari - O Globo - 07/08/2011
Em março de 1970, Dilma Rousseff estava presa em São Paulo. A "Wanda" da VAR-Palmares fora capturada em janeiro, e ainda vivia no DOI-Codi. Conforme ela mesma narrou, "a pior coisa que tem na tortura é esperar, esperar para apanhar".
O jornal "Washington Post" publicou um editorial condenando as violências do governo brasileiro, e o embaixador americano foi chamado ao Itamaraty.
O jornal "Washington Post" publicou um editorial condenando as violências do governo brasileiro, e o embaixador americano foi chamado ao Itamaraty.
Ouviu uma queixa e a ameaça de que gestos desse tipo comprometiam as boas relações entre os dois países. Estava implícita a sugestão de que o Departamento de Estado fizesse uma gestão no jornal.
O embaixador (Charles Elbrick, que havia sido sequestrado meses antes) narrou ao Departamento de Estado um dos argumentos que ouviu: "Os terroristas recorrem a violência, sequestros e ataques a pessoas e instituições, coisa que o governo não pode tolerar". Passaram-se 41 anos, Dilma está na Presidência da República, e o Itamaraty é acusado pelo Human Rights Watch de exigir uma condenação de "todas" as formas de violência que vêm sendo praticadas na Síria. Lá, a ditadura de Bashar Assad já matou cerca de 2.000 pessoas e ocorreram assassinatos de algo como uma dezena de agentes do governo.
Nem Madame Sosostris, uma grande vidente, teria sido capaz de prever que, um dia, a diplomacia de Dilma exigiria que a denúncia das torturas que "Wanda" sofria, ou o assassinato de seus companheiros, fossem equiparados aos atentados que a VAR-Palmares cometia.
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