Sem Chávez, país vive na incerteza
Por Rodrigo Craveiro - Correio Braziliense - 03/01/2013
A apenas uma semana da data estipulada para a posse do presidente Hugo Chávez, a Venezuela se afunda na incerteza e na dúvida. Com o chefe de Estado supostamente à beira da morte, em Havana, ninguém se arrisca a prever o futuro político do país. A Constituição Bolivariana, criada pelo próprio Chávez, permite declarar a ausência temporal ou a falta absoluta do presidente, mas não faz menção em relação a um líder reeleito.
“O candidato eleito ou a candidata eleita tomará posse do cargo de presidente ou presidente da República em 10 de janeiro do primeiro ano de seu período constitucional, mediante juramento ante a Assembleia Nacional. Se, por qualquer motivo imprevisto, o presidente ou presidenta não puder tomar posse ante a Assembleia Nacional, o fará ante o Supremo Tribunal de Justiça”, determina o artigo nº 231 da Carta Magna. Chávez, de 58 anos, foi operado em 11 de dezembro, pela quarta vez, de um câncer localizado supostamente na região pélvica. Por Rodrigo Craveiro - Correio Braziliense - 03/01/2013
A apenas uma semana da data estipulada para a posse do presidente Hugo Chávez, a Venezuela se afunda na incerteza e na dúvida. Com o chefe de Estado supostamente à beira da morte, em Havana, ninguém se arrisca a prever o futuro político do país. A Constituição Bolivariana, criada pelo próprio Chávez, permite declarar a ausência temporal ou a falta absoluta do presidente, mas não faz menção em relação a um líder reeleito.
“Pelas declarações de altas fontes do governo, que insistem que Chávez pode prestar juramento qualquer dia, o mais provável é que ele se ausente em 10 de janeiro”, aposta o analista político Tony De Viveiros, ex-professor da Universidad Simón Bolívar. Na hipotética declaração da falta absoluta do presidente, Maduro assumiria o poder, de forma interina, até 10 de janeiro, e convocaria eleições em 30 dias. Se a ausência não for decretada e Chávez não assumir o quarto mandato consecutivo, o cenário seria incerto e sem precedentes. “Especula-se que o melhor seja postergar, por alguns dias, o começo do novo governo. Analistas advertem que Chávez possa vir a Caracas, prestar juramento e pedir sua imediata substituição temporária. Outros estudiosos acham que ele não esperará o fim do mandato para tanto”, afirmou ao Correio, por e-mail, Carlos António Romero Méndez, doutor em ciência política pela Universidad Central de Venezuela (UCV).
De acordo com o analista, o adiamento da transição política não interessaria aos opositores, cada vez mais dispersos. “As eleições a curto prazo (em 30 dias) favoreceriam o sucessor de Chávez, mas ocorreria o contrário se houvesse demora. Com a morte do presidente e ante um governo débil, o candidato da oposição poderia vencer nas urnas”, observa Méndez. Para ele, há apenas duas questões certezas: Chávez não está morto e não pediu sua substituição. “Qualquer opção é válida neste momento, incluindo o retorno e a posse do presidente.”
Muitos moradores de Caracas duvidam dessa possibilidade. “Por aqui, há muitíssima tensão, um silêncio sepulcral. Todo mundo prefere se refugiar em casa e a maioria das pessoas acha que Chávez morreu ou que está em uma condição muito grave”, disse à reportagem Valeria Scocozza, 18 anos, estudante de psicologia na UCV. Ela admite temer uma onda de violência, caso Chávez morra. “Há muita ambição pelo poder, vários candidatos farão o possível para obter vantagens. Vemos disputas até dentro do chavismo”, comentou. Acadêmico de direito na mesma universidade, Luis Eduardo Barrios Arocha, 18 anos, critica o hermetismo de informações do governo venezuelano e admite temer o desrespeito à Constituição. “Temos 14 anos de experiência (com Chávez) para saber que eles (chavistas) fazem o que querem com a Carta Magna. Fala-se até mesmo em juramento em Cuba”, afirmou, por e-mail.
O presidente da Bolívia, Evo Morales, foi um dos poucos a se pronunciar ontem sobre a saúde de Chávez. “A situação do irmão presidente Chávez é muito preocupante. Tomara que logo possamos vê-lo nos acompanhando”, declarou Morales, em entrevista coletiva na cidade de Cochabamba (centro), depois de ter se comunicado com a família do venezuelano. “Tomara que nossas orações e nossos rituais sejam efetivos para salvar sua vida”, emendou. Em sua conta no Twitter, Jorge Arreaza , genro de Chávez e ministro da Ciência e Tecnologia da Venezuela, informou que ele permanece “estável” dentro de seu “quadro delicado”.
Em Washington, a porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Victoria Nuland, externou o desejo de uma transição na Venezuela aferrada à Constituição. “Se existir a circunstância de que Chávez não esteja em capacidade de exercer suas funções, queremos ver uma transição apegada à Constituição”, afirmou, segundo a agência Associated Press.
“Ele está consciente”
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, está consciente da complexidade de seu estado de saúde, disse o vice, Nicolás Maduro, em entrevista à rede de tevê Telesur, transmitida por volta das 23h de terça-feira (hora de Brasília). “Pude vê-lo em duas oportunidades (...) Ele está consciente da complexidade do estado pós-operatório”, declarou, em Havana. Maduro assegurou ter encontrado Chávez “com uma força gigantesca”. “Eu o saudei com a mão esquerda, depois me apertou com uma força gigantesca enquanto falávamos”, disse.
Preocupação brasileira
O governo brasileiro acompanha com preocupação o estado de saúde do presidente venezuelano, Hugo Chávez, mas não acredita haver razões para inquietações sobre o futuro da Venezuela. Em entrevista à agência France-Presse, um funcionário do Palácio do Planalto se negou a falar sobre o futuro da Venezuela, caso Chávez não possa assumir um novo mandato em 10 de janeiro. “Não há motivos para se preocupar, acreditar que algo extraordinário possa ocorrer no futuro com a Venezuela”, acrescentou. O funcionário disse ainda que o governo brasileiro não tem informações diferentes das difundidas pelas autoridades venezuelanas, segundo as quais Chávez atravessa um “pós-operatório complexo”.
“O Brasil mantém contatos com a Venezuela com a regularidade de sempre, independente do que tem se sabido sobre a saúde do presidente Hugo Chávez”, informou uma fonte da chancelaria.
Preocupação brasileira
O governo brasileiro acompanha com preocupação o estado de saúde do presidente venezuelano, Hugo Chávez, mas não acredita haver razões para inquietações sobre o futuro da Venezuela. Em entrevista à agência France-Presse, um funcionário do Palácio do Planalto se negou a falar sobre o futuro da Venezuela, caso Chávez não possa assumir um novo mandato em 10 de janeiro. “Não há motivos para se preocupar, acreditar que algo extraordinário possa ocorrer no futuro com a Venezuela”, acrescentou. O funcionário disse ainda que o governo brasileiro não tem informações diferentes das difundidas pelas autoridades venezuelanas, segundo as quais Chávez atravessa um “pós-operatório complexo”.
“O Brasil mantém contatos com a Venezuela com a regularidade de sempre, independente do que tem se sabido sobre a saúde do presidente Hugo Chávez”, informou uma fonte da chancelaria.
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