
As reféns foram retiradas num avião da Venezuela, abraçadas com um ministro venezuelano de camiseta e boné vermelhos e enviadas diretamente a Caracas, não a Bogotá, jogando os holofotes internacionais sobre Chávez numa missão então caracterizada como "humanitária". Mas só por um dia.
Já na sexta-feira, Chávez trocou o tom humanitário, que atraiu a boa vontade geral para a operação, por um tom eminentemente político. Libertadas Rojas e González, passou a fazer proselitismo ostensivo a favor das Farc, numa afronta injustificável contra o governo constitucional da Colômbia.
Para Chávez, as Farc, que agem fora da lei, seqüestram e matam, são um "exército insurgente", com um "projeto político bolivariano". Ou seja: Chávez e Farc, tudo a ver.
Como se o grupo colombiano fosse embrião de um exército muito maior e com o objetivo "bolivariano" de implantar o tal "socialismo do século 21" no continente. Precisa lembrar da corrida armamentista chavista, bolivariana ou seja lá que denominação tenha?
O Brasil dá tratos à bola para tentar entender as Farc. Seria mais pertinente se tentasse de fato entender Chávez e, principalmente, aonde ele quer chegar. A bomba não está apenas sobre a cabeça de Uribe, mas de toda a região.