
Dono de fazenda no Pontal onde houve conflito critica demora para reintegração de posse
Por José Maria Tomazela, Evandro Fadel e Elder Ogliari
O filho do fazendeiro, o advogado Rodrigo Macedo, e seu empregado Lucivaldo Vialli, apontados pelos sem-terra como autores dos disparos, foram presos e estavam até ontem detidos em Presidente Venceslau.
Segundo o fazendeiro, o mandado judicial para retirada dos invasores da propriedade foi expedido no dia 14 - dois dias, portanto, antes do conflito. “Se a Justiça tivesse agido com rapidez, nada teria acontecido”, disse Macedo.
Segundo o fazendeiro, seu filho foi até o local para negociar com os sem-terra a não-invasão da sede, mas teria sido recebido a bala. Mais tarde, com a aproximação da Polícia Militar, os militantes do MST teriam forjado o crime contra o sem-terra.
Macedo disse não entender por que as autoridades ainda não mandaram prender Rainha. “Por que esse homem, que tem várias condenações, não é preso? Por que se ajoelham diante de um facínora?”
O conflito aumentou a tensão no Pontal, onde 6 das 19 fazendas invadidas pelos sem-terra desde a semana do carnaval continuavam ocupadas na manhã de ontem. Rainha contestou a versão do fazendeiro: “O filho do dono chegou lá atirando, atingiu um acampado e o pessoal apenas o dominou e entregou para a polícia.”
INVASÕES
Integrantes do MST realizaram ontem novas ações para cobrar reforma agrária. No Rio Grande do Sul, a Granja Nenê, em Nova Santa Rita, na região metropolitana de Porto Alegre, foi invadida na madrugada por 400 integrantes do MST. À tarde o grupo deixou a área da granja e voltou para um acampamento que mantém do lado de fora da propriedade.
Apesar da saída pacífica, a movimentação dos sem-terra gerou momentos de tensão enquanto durou. Foi a terceira vez que eles entraram na propriedade neste ano, exigindo o início do processo de assentamento de mil famílias no Rio Grande do Sul, que está prometido para o mês de abril.
Na ação de ontem, os sem-terra derrubaram eucaliptos na Estrada do Passito, que dá acesso à área, bloqueando o tráfego. A Brigada Militar enviou um batalhão ao local e chegou a ameaçar usar a força.
No Paraná, 300 integrantes do MST interromperam o tráfego na PR-158, no sudoeste do Estado, próximo ao Assentamento 10 de Maio, em Rio Bonito do Iguaçu. A Polícia Rodoviária Estadual teve de orientar o tráfego para rodovias alternativas.
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